12 de março de 2010

A Vidência nas Leituras de Cartas




O Tarot, assim como outros baralhos existentes, são instrumentos não só de autoconhecimento, uma vez que representam arquétipos da psique coletiva, mas são também meios de conhecimento das questões ocultas do presente, do passado e das que estão por vir.
Ainda há muita descrença sobre a capacidade de se obter conhecimento sobre o futuro através das cartas de um baralho ou de tarots, mesmo entre aqueles que fazem uso delas para trabalho terapêutico, para fins de meditação, para insights artísticos, etc, mas a verdade é que só quem tem ou teve alguma experiência desta natureza pode atestar as coisas impressionantes que a leitura de cartas pode nos revelar.

A ideia, discutida por Carl Jung e sua aluna, Marie-Louise Von Franz aborda a questão da sincronicidade, uma vez que entre o inconsciente do consulente e do tarólogo deve haver certa sintonia para que a sincronicidade possa operar, “ajeitando” assim a ordem das cartas no embaralhamento, escolha e disposição delas para que, simbolicamente, representem os arquétipos que envolvem o consulente em determinado momento do tempo. 
É preciso uma ligação entre o inconsciente de ambos, instância esta da psique que tudo sabe, depósito de todas as sementes e de todos os frutos, individuais e coletivos. 
Isso ocorre a todo momento com pessoas que também se desconhecem por completo, mas isto é história para outra oportunidade.

Teoricamente, para ser um bom tarólogo não é necessário ter intuições, vidências ou revelações extraordinárias além daquilo que as cartas estão mostrando. O tarólogo é como um intérprete, um leitor, o que exige dele, é claro, bom conhecimento sobre as cartas e seus significados, suas posições na abertura, uso de métodos adequados e muita atenção em seu trabalho.

Mas há algo que pode ocorrer durante uma leitura de cartas que está além daquilo disposto sobre a mesa, que é justamente quando o tarólogo tem visões espontâneas, insights ou premonições sobre a vida de seu consulente, provocadas ou não pelas cartas.

Eu mesma já passei por isso e fiquei impressionada com os detalhes.

Certa vez fui a uma cartomante, que usava somente baralho comum de jogar. 
Eu passava por um período até que muito tranquilo, sem grandes problemas, pois as coisas seguiam um caminho natural e previsível e que estavam de acordo (mais ou menos...rsrsrs) com o esperado. 
Sem grandes acontecimentos, eu vivia uma rotina ordenada e calma. 
Isso me aborrecia, mas minha vida estava seguindo um rumo meio “confortável”. 
Mas impulsionada pela curiosidade, resolvi ir a uma cartomante, sem nenhuma referência, a não ser por estar muito próxima de um curso livre sobre meditação que eu frequentava de vez em quando.
Ela me recebeu em silêncio, não me fez perguntas e entregou o baralho em minha mão.

Embaralhei as cartas e notei que ela ia colocando umas sobre as outras, tirando uma de cada vez e foi falando o que via, mas percebi que ela mal olhava para as cartas que iam saindo. 
Achei aquilo estranho e pensei que estava diante de uma embusteira.
Deixei que ela falasse e continuei notando que ela lia em sequência, não deixando ver as cartas que ficavam por baixo. E olhava para mim com muita firmeza.

E foi assim que ela começou a dar detalhes de minha vida, daquilo que eu sentia, pensava, do que estava acontecendo em minha vida, das pessoas próximas a mim e das que iriam surgir e me disse que eu ia passar por uma bifurcação de caminhos na vida, em breve, com mudanças que eu absolutamente não iria planejar. Que teria que tomar decisões importantes e me disse em que planos isto ocorreria.
Para uma libriana que não gostava de tomar decisões, esta ideia não foi muito bem recebida, mas deixei que ela continuasse.

E então ela contou-me do que se tratavam essas mudanças e como elas seriam.
Saí dali com um sentimento estranho, achando tudo aquilo um absurdo, pois nem passava pela minha cabeça que tais coisas ocorreriam e simplesmente esqueci o assunto.

Mas alguns meses depois tudo o que aquela mulher me disse se concretizou, com os mesmos detalhes, personagens, locais e fatos ditos naquela consulta. 
As mudanças chegaram, me pegaram de surpresa, bem ao modo do Arcano “A Roda da Fortuna” e para meu espanto, na ordem em que ela havia revelado.

Voltei depois de um tempo à casa onde ela atendia, mas soube através dos vizinhos que tinha se mudado para o interior do Estado.

Também já me consultei com excelentes tarólogos, com resultados impressionantes e quando faço tiragens para mim, também obtenho ótimas respostas. 
Mas o que me chamou a atenção neste caso é que essa cartomante pouco fez interpretação de cartas.

O que ocorreu ali, então?

Certamente usou sua paranormalidade e seu baralho foi apenas um instrumento, um veículo que serviu para que ela pudesse sintonizar com meu inconsciente e ver também através do tempo.
Sei que isso nem sempre acontece: o mesmo cartomante ou tarólogo pode ter visões além das cartas com algumas pessoas e com outras não. Tudo depende do momento em que ele também vive, se está mais extrovertido e ligado nos problemas do dia a dia ou mais introspectivo, e sei que é nesses momentos de maior recolhimento pessoal, de mais introversão que a vidência pode ocorrer com mais facilidade. 
Se o consulente estiver no mesmo padrão que o consultor, isso facilita ainda mais a comunicação misteriosa entre eles.

Pena que não pude encontrá-la depois para confirmar suas previsões, ou revelações, mas ali soube que Magick tinha ocorrido.

Hoje tenho certeza que há coisas por trás dos acontecimentos que são desconhecidas, mas que existem. Que não é propriamente destino o que nos acontece, mas há caminhos surpreendentes e inesperados. 
Temos sim responsabilidade e liberdade em nossas escolhas, mas há um limite nisto, e é a partir deste Horizonte que algo estranho e Mágicko passa a operar.

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