21 de junho de 2016

Espelho Negro, Espelho Mágico e Scrying



Todos  já  ouviram  a história de Branca de Neve e sua madrasta malvada que, quando precisava descobrir  uma verdade oculta,  sempre consultava  um espelho  mágico.
Já  viram filmes onde uma cigana trabalhava com uma bola de cristal. Também já ouviram  falar dos  antigos que conseguiam  ver o futuro através das labaredas de uma fogueira, ou mesmo da observação de cristais ou das águas de um rio escuro. O famoso vidente francês, Michel de Nostradamus, usou a técnica para escrever as suas famosas profecias, as  Centúrias.

As técnicas de observação  acima citadas chamam-se  Scrying (vidência)  e consistem no olhar contínuo  para objetos ou meios geralmente refletores de luz, translúcidos,  brilhantes,  tais como pedras, cristais, espelhos, águas ou  fogo,  objetos esses que  seriam um veículo para a visão paranormal.
Devido à prática dessa técnica, alguns objetos passaram a ser mais utilizados que outros, como por exemplo, o espelho negro, do qual quero tratar aqui.

Tentando reunir minha experiência pessoal e tudo o que recolhi em textos e artigos sobre o assunto, esboçarei alguns aspectos da prática de observação do espelho negro ou espelho mágico, alertando que nunca, mas nunca mesmo, deve  ser  utilizada para brincadeiras  ou jogos e que  é preciso  pensar muito antes de fazê-la, pois você não escolherá  e nem controlará o conteúdo daquilo que vai ver.
Portanto, pense.
  
A Técnica

O espelho negro, no que diz respeito à sua confecção, varia muito de natureza:  pode ser de vidro, cristal ou feito das pedras obsidiana ou ônix.

O tamanho também é variável, mas aconselha-se a  ter no mínimo o tamanho de um  porta-retrato  comum, de 10x15 cm e no máximo a altura do observador.
Sendo do tamanho de um porta-retratos, deverá estar perto dos olhos do observador e se for suficientemente grande, deverá estar encostado em uma parede e observador deverá estar sentado diante dele.
Então, encontra-se um local calmo, escuro e silencioso e acende-se apenas uma fonte de luz, geralmente uma vela de chama fraca, que deve ficar à direita ou à esquerda do observador e um pouco afastada, para que a luz seja indireta e não reflita na superfície do espelho.
O resultado final da iluminação deve ser de tal modo que o observador não veja no espelho nenhuma imagem do ambiente, nem mesmo a sua própria imagem.

Sentado diante do espelho, mentalmente diz-se a intenção da consulta, ou simplesmente dispõe-se diante dele sem perguntas, e espera-se o fenômeno  começar.

A primeira coisa que acontece é a observação  de uma espécie de fumaça branca, ou névoas, como fumaça de cigarro que sobe, em 3D: essa “fumaça” pode durar alguns segundos ou minutos.
Das experiências que tive, se essa fumaça ou névoa permanecer  por muito tempo diante dos olhos do observador,  geralmente por mais de 20 minutos ou se nem mesmo ela surgir, deve-se abandonar  a tentativa e deixar para outro dia; insistências só gerarão cansaço e ansiedade, dois estados que devem ser sempre evitados.
Caso essas névoas apareçam como falei anteriormente, logo desaparecerão, deixando em seu lugar uma espécie de vácuo escuro e profundo entre os olhos do observador e a superfície do espelho.Como um céu nebuloso que de repente fica "limpo".
A impressão que temos  é a de que o espelho tornou-se mais profundo.

E logo essa impressão se confirma : as imagens  começam a se formar, podendo ser  estáticas, como se fossem uma fotografia,  ou em movimento, com total autonomia e sem nenhum desejo ou  interferência do observador, como se esse assistisse a um filme.
As imagens também podem ser coloridas, branco e pretas ou monocromáticas; podem se formar de uma só vez  ou irem  se formando aos poucos; podem ser imagens de pessoas, animais, paisagens, objetos ou cenas completas, inteirinhas,  de uma  nitidez e realismo espantosos.
Também  são sempre tridimensionais e se projetam entre o espelho e os olhos do observador,  sendo proporcionais ao tamanho do espelho; por isso ele não deve ser muito pequeno nem muito grande, para não comprometer a boa visão das imagens.

Aqui dou um conselho: o observador não deve tentar interpretar o que está vendo no momento da observação  e nem esperar, ansioso, pelo que poderá ver; deve apenas deixar-se levar pela experiência, como se estivesse sentado numa sala de cinema diante da tela  e não soubesse, não tivesse a menor  ideia  do  filme que está prestes a assistir.
Isso é extremamente importante e aqui  é necessário outro alerta: deve-se estar preparado psicologicamente e emocionalmente para tudo o que surgir!!! Tudo mesmo!! 

Aí talvez resida a parte mais difícil, o que me leva a crer que a observação do espelho negro é para poucas pessoas, porque é preciso coragem e autocontrole.
É claro que a maioria das pessoas gostaria de ver coisas lindas surgindo à sua frente; cenas familiares, pessoas bonitas, flores ou paisagens.
O problema é que o observador não tem controle sobre as imagens e ele poderá ver cenas muito desagradáveis e, segundo alguns relatos, até mesmo imagens de pessoas já falecidas.

Portanto cuidado: pense muito, antes de se aventurar nessa jornada.
 
A Condição do Observador

O observador deverá ter 2 elementos  em mente:

     1)  Ele pode parar a observação a qualquer momento, caso sinta-se incomodado, com medo, desconfortável ou qualquer outra razão.  Não está ali por obrigação e sim por sua completa vontade.
2)   Poderá ocorrer um transe ou uma espécie de torpor,  como também sensações térmicas ou mesmo sonoras, durante a experiência de scrying.

Feitas essas ressalvas, é importante relembrar que toda interpretação das imagens deverá ser feita depois, bem como a memorização do próprio estado físico e emocional na hora da vidência, isto é, se foram sentidos calor, frio, arrepio, sonolência; se foram vistas outras  imagens além das originadas no espelho e todas as sensações emocionais e mentais no momento da experiência.

Por isso, acho interessante manter um caderno e uma caneta ao lado para que, assim que a experiência termine, seja possível  anotar tudo o que puder sobre ela.

A Origem e  Interpretação das Imagens

Há várias hipóteses para a origem e a natureza das imagens.

A primeira prega  que são imagens puramente vindas do inconsciente e que seriam desejos reprimidos, representação de arquétipos, realização de desejos, como nos sonhos que temos dormindo.

A segunda diz que as imagens são frutos de contatos que mantemos com os mortos ou com os seres astrais e o espelho é o canal desse contato.

A terceira hipótese não nega nem a primeira nem a segunda, apenas as une, ou seja, as imagens são  vindas  do nosso inconsciente projetado, inconsciente esse que pode ler o passado, o presente e o futuro, porque é capaz de entrar em contato com outras dimensões da existência, com pessoas e fatos distantes no espaço e no tempo e ainda acrescenta que o espelho pode ser um canal de comunicação até mesmo  com pessoas vivas, entrando no terreno da telepatia.

Então, a imagens formadas pelo espelho poderiam ser fruto de percepção extra-sensorial, ativando no indivíduo as funções denominadas psi.

As imagens seriam:
·        - precognitivas  ou premonitórias  (visão do futuro),
·        - retrocognitivas  (visão do passado),
·         - clarividência (visão do presente, mas à distância)
·         -mediunidade (contato com os falecidos)
·         - telepatia (contato com pessoas vivas, à distância)


Mas, como saber se estamos vendo o passado, o presente ou o futuro?
Como saber se estamos vendo alguém vivo ou já falecido, ou mesmo alguém que ainda iremos conhecer?
Afinal, como interpretar as imagens?

Primeiro, tente analisar alguns aspectos das imagens.
Imagens muito místicas, repleta de simbolismos, geralmente são arquetípicas e devem ser interpretadas levando em conta aquilo que são, ou seja, simbolicamente.
Imagens de pessoas já falecidas podem ser tanto um contato real como ser um ajuste inconsciente com aquela pessoa.

Só quem passa pela experiência  pode saber o significado disso, levando em conta o que sentiu, o que vivenciou no momento.

Segundo: deixo os conselhos que recebi e o que aprendi com o scrying, de que algumas coisas só o tempo responderá; não adianta querer algumas respostas que só virão no futuro, quando as coisas estiverem acontecendo.

Passei muito tempo tentando entender o que vi e só depois que a hora chegou e que os fatos deram início  é que entendi todas as cenas, pessoas e lugares que havia visto. Tive visões agradáveis, outras não. E todas se confirmaram. Tive também visões do passado de alguém, fatos que eu não tinha conhecimento, e que depois pude confirmar que realmente ocorreram.

Terceiro: não se esqueça que a prática é um canal para o conteúdo inconsciente, seja ele de natureza precognitiva, retrocognitiva, telepática ou outra ainda desconhecida.
Acessar o inconsciente, sem um preparo psíquico, pode ser extremamente perigoso, levando a alucinações e distúrbios de natureza psicológica e emocional, sem contar com o fato de que talvez você não tenha estrutura para lidar com o que verá ou ainda, talvez nem mesmo consiga interpretar o que viu.

Espero, com esse texto, ter ajudado àqueles que já passaram pela experiência de scrying e que, como eu, ficaram meio perdidos em busca de respostas e explicações para a aventura que é adentrar o Mundo Oculto.

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