1 de outubro de 2015

A Justiça - PARTE I



Passei muitos anos tentando escrever sobre esse Arcano.
Eu diria que,  desde que estudo Tarot, nunca consegui escrevi uma linha sequer sobre “ A Justiça ”.
Na verdade, sempre tive um conceito interno de justiça diferente do  conceito que ela tem no Direito e na Filosofia, abrangendo os direitos dos cidadãos, a igualdade, a ordem social, a reparação, etc.
Porque para mim a Justiça sempre esteve além do mundo dos homens, isto é,  sempre abarcou também  o Reino Vegetal, Animal, os Seres Animados, Inanimados, as Pedras, as Águas,  as Plantas, enfim, todo o Universo. Pode parecer loucura, não é?
Mas é assim que penso.

Então, tudo o que eu lia sobre a Justiça, a Divina ou a Humana, me deixava atordoada, irritada e confusa, porque não tinha sintonia com meu conceito interior sobre Justiça e isso me aborrecia demais, ainda mais por eu ser uma  Libriana com Ascendente em Libra e ter a Balança da Justiça como signo imperando em minha vida e logo ela, “justo a Justiça” para mim  era “incompreensível”, ou melhor, não compreendia como “deveria ser”.
Então tentei  organizar meus pensamentos e procurar por no papel como sinto “ A Justiça”, a maior de todas as virtudes que um homem pode ter; a maior virtude de um Ser Superior, a maior virtude do Universo; a Rainha de todas as Virtudes, acima até do Amor.

Porque é ela a geradora de todo o BEM do Universo!! E a falta dela, a Injustiça, a raiz de todo o MAL.
Vejam: Não estou falando de Direito, Leis, Legislação, até porque em toda parte há leis extremamente injustas e regras e atitudes justíssimas que talvez jamais se transformem em leis!!

Mas comecemos por Aristóteles. Para ele, “A justiça é a forma perfeita de excelência moral porque ela é a prática efetiva da excelência moral perfeita. Ela é perfeita porque as pessoas que possuem o sentimento de justiça podem praticá-la não somente a si mesmas, como também em relação ao próximo.”
Ainda para Aristóteles, há dois tipos básicos de Justiça: a distributiva e a corretiva.
Nas palavras dele, “ uma das espécies de justiça, em sentido estrito e do que é justo na acepção que lhe corresponde, é a que se manifesta na distribuição de funções elevadas do governo, ou de dinheiro, ou das outras coisas que devem ser divididas entre os cidadãos que compartilham dos benefícios outorgados pela constituição da cidade, pois em tais coisas uma pessoa pode ter participação desigual ou igual à de outra pessoa” e o outro tipo , a corretiva, é “ a que desempenha função corretiva nas relações entre as pessoas. Esta última se subdivide em duas: algumas relações são voluntárias e outras são involuntárias; são voluntárias a venda, a compra, o empréstimo a juros, o penhor, o empréstimo sem juros, o depósito e a locação (estas relações são chamadas voluntárias porque sua origem é voluntária); das involuntárias, algumas são sub-reptícias (como o furto, o adultério, o envenenamento, o lenocínio, o desvio de escravos, o assassino  traiçoeiro, o falso testemunho), e outras são violentas, como o assalto, a prisão, o homicídio, o roubo, a mutilação, a injúria e o ultraje.”
Continuando com Aristóteles:
“O justo nesta acepção é, portanto o proporcional, e o injusto é o que viola a proporcionalidade. Neste último caso, um quinhão se torna muito grande e outro muito pequeno, como realmente acontece na prática, pois a pessoa que age injustamente fica com um quinhão muito grande do que é bom e a pessoa que é tratada injustamente fica com um quinhão muito pequeno. No caso do mal o inverso é verdadeiro, pois o mal maior, já que o mal menor deve ser escolhido em preferência ao maior, e o que é digno de escolha é um bem, e o que é mais digno de escolha é um bem ainda maior.”
Como vimos, parece  existir dois tipos de Justiça principais:
  •   A Justiça como distribuição  correta e equânime de bens, de direitos, agindo assim como  uma antecipação ou prevenção de conflitos, de prejuízos, de danos e sendo uma  geradora do Bem;  aqui há um caráter inicial dos fatos; há decisões para tomar, há um Mal a ser evitado e um Bem a ser realizado.
  •        A Justiça como reparação, isto é, um prejuízo já ocorreu, um dano já se concretizou, uma parte já foi prejudicada e uma autoridade ou pessoa imbuída de poder irá ajuizar essa reparação. Mas aqui, apesar de decisões serem necessárias, o Mal já ocorreu, a Injustiça já se deu, e a Justiça entra como elemento indenizatório, reparatório, compensatório. 
Para  que aconteça o primeiro tipo de Justiça, é preciso levar em conta também as condições particulares de todas as partes envolvidas. E o que seriam essas condições?
Como ser justo na distribuição de bens entre, por exemplo,  duas pessoas ?
Levar em conta seus esforços, suas dedicações, suas necessidades, suas limitações, suas oportunidades concedidas, seus méritos, seus valores?  Apenas um desses elementos? Dois deles? Ou todos?

Imaginemos um reino utópico no qual nenhum ser sofresse injustiça.
Como seria? Todos e tudo teriam exatamente aquilo que mereciam segundo suas ações, suas não - ações, seus valores, suas capacidades, suas necessidades, seus esforços, seus interesses, suas condições, suas limitações e suas oportunidades dadas?

E no segundo tipo de Justiça, a reparadora?
Vamos direto a um exemplo.
Um indivíduo é assaltado e  tem seus bens roubados de forma violenta. A polícia consegue prender o ladrão e este é julgado, condenado, sentenciado a 10 anos de prisão e supomos que a polícia consiga recuperar os bens e devolver ao proprietário.
Pergunto:  houve Justiça?
Que Bem foi gerado? Que virtude apareceu aí?
Que felicidade foi proporcionada?
Nenhuma, não é?
Portanto, creio eu, que diante do Mal já ocorrido, não existe Justiça!!!
Existe sim, uma espécie de Vingança Legalizada, Vingança Legitimada, através da pena, castigo, reparação consoladora, indenização, seja lá o que for, mas jamais, jamais Justiça!!
A vítima, mesmo que tenha  todos os bens de volta, terá traumas, terá uma injustiça contra si sofrida, o assalto em si;  por mais que seja uma pessoa otimista, nunca mais será a mesma, depois de passar por uma violência. O ladrão, por sua vez, será punido por um crime com a privação de sua liberdade e de várias coisas de sua vida e o fato é que ninguém, ninguém mesmo é capaz de afirmar se o crime cometido e a punição aplicada se equilibram na Balança da Justiça do Universo para que isto seja equânime!!!!
Fico muito triste quando vejo os injustiçados gritando por “Justiça”, porque, a meu ver, ela é impossível de acontecer nesses casos.

A reparação de um erro, a tentativa de correção de um mal, de um prejuízo, de um dano, de uma injustiça, jamais deverão levar  o nome de Justiça.
Repito:  O nome é Vingança Legalizada, Vingança Legitimada, Vingança Institucional.
Ou a velha Vingança particular. Só isso.
É necessária? Claro que é necessária!!!
Consola, alivia, traz um pouco de paz para as vítimas, um pouco só; faz o criminoso sofrer  ( às vezes, porque se ele for um psicopata, nunca sofrerá) ; faz a sociedade seguir em frente, um pouco consolada, conformada, mas Justiça??? Nunca!!! Simplesmente porque o tempo não pode voltar atrás.
Virtudes só geram o Bem. Só visam o Bem. Só distribuem o Bem.
E a Justiça, como a maior de todas as Virtudes, está acima de toda e qualquer forma de reparação ou consolação.

22 de junho de 2015

Lúcifer: Anjo Caído?




"Vivemos numa atmosfera de escuridão e desespero... porque nossos olhos estão voltados e fitos na terra, repleta de manifestações físicas e grosseiramente materiais.
Se, ao invés disso, o homem, prosseguindo na jornada de sua vida, olhasse não para o céu - o que é apenas uma figura de retórica - mas para dentro de si mesmo, e centralizasse seu ponto de observação no homem interior, muito logo escaparia dos rolos compressores da grande serpente da escuridão.”
  (Helena Blavatsky, Revista Lúcifer)

O que posto aqui é um tema difícil, que toca em conceitos, preconceitos, fé, religiões, pensamentos, filosofias, mas não vou deixar de expor o que penso e as perguntas que rondam minha mente.
Longe de ofender essa ou aquela religião, apenas quero exercer meu livre pensamento, construído principalmente através de minhas indagações, observações e críticas pessoais e é por isso que ainda escrevo aqui.

A história de Lúcifer, o Anjo Caído, nunca me convenceu.

Segundo a lenda ou o mito, Lúcifer foi um anjo a quem Deus, o Criador, deu a nobre, especial e singular missão de portar a Luz.
Essa Luz, creio, não é a luz que nossos olhos conhecem e sim um símbolo para o Conhecimento, para a Verdade, para a tomada de consciência das coisas que se encontram ocultas em nós e além de nós.

Como anjo, era perfeito, sábio, íntegro, incorruptível.

Seu nome, Lúcifer, vem do latim: Lucem (genitivo do latim de lux, luz, ou seja, “da luz”) e Ferre (do verbo latino portar, levar), formando a expressão “Portador da Luz”.

Mas Lúcifer, segundo a história ou o mito, possuído de orgulho, almejou o próprio trono de Deus.
E Deus, diante desses fatos, expulsou o anjo do Paraíso, provocando sua famosa queda, não uma queda física, mas espiritual e moral e como uma espécie de vingança, Lúcifer construiu seu próprio reino, o Inferno, tornando-se o adversário número um do Criador, arrastando milhões de almas para o erro, para o engano, a mentira, para o mal, para a escuridão, para longe da Verdade, para longe da Luz, recebendo posteriormente os nomes de Satã, Saitan, Satanás, Diabo, Demônio, tornando-se o Adversário, o Inimigo de Deus e consequentemente, o Inimigo da Humanidade.

Teria construído esse reino particular porque, ao receber de Deus a tocha da Iluminação, julgou-se capaz e merecedor de possuir um reino próprio, mesmo que fosse na oposição.
Um reino constituído de escuridão, principalmente a  espiritual.

Segundo a lenda, teria deixado sua nobre e mais alta missão por orgulho e vaidade.
Dois sentimentos muito humanos....
Lúcifer, na Bíblia, mais precisamente em Isaías, 14:12-15, é chamado de “Estrela da Manhã”, a primeira luz que aparece na escuridão da noite, antes do astro – rei , o Sol, surgir no horizonte e a primeira que surge após o Sol se por.
Sabemos hoje que é o planeta Vênus, também chamado popularmente de Estrela D’Alva,  Estrela da Aurora e em hebraico, Heilel Ben Shachar.
Nessa passagem é supostamente narrada a queda de um anjo, assim como em Ezequiel 28:12-19.
Eis os links para quem se interessar em lê-los na íntegra:

http://www.bibliaonline.com.br/acf/is/14

 http://www.bibliaonline.com.br/acf/ez/28


Mas, para alguns estudiosos, a entidade descrita nas passagens bíblicas não seria um anjo expulso do Céu, mas um grande rei da Babilônia que, por ter sido tirano, ingrato e arrogante, teria caído em desgraça pela vontade de Deus.

Lúcifer, por outro lado, também tem correspondência com Phosphorus, ou Fósforo, deus grego que é retratado com uma tocha na mão e cujo nome também significa...Portador da Luz.
Mas o que prevalece mesmo, o que chama a atenção é que o Anjo Caído tem muitas versões de como ele teria se tornado um anjo orgulhoso, prepotente e vaidoso, ao ponto de “cair ”.

Agora, vamos pensar, ou melhor, vamos indagar algumas coisas.

Deus, que é Onipresente, Onipotente, Onisciente, que sabe tudo o que está no coração dos homens e de Seus Anjos, sempre soube e sempre saberá; que conhece o íntimo de cada criação Sua, iria entregar a Luz, a Sua Luz, a Luz da Verdade, a Tocha simbólica que ilumina tudo o que se encontra nas trevas, nas mãos de um Anjo que logo mostraria sua face de orgulhoso, prepotente, arrogante, invejoso?

Pergunto: o que é perfeito desde sua criação pode se corromper?
Como, onde e quando o que é belo, sábio, puro, íntegro, justo, supremo, como são os anjos, pode se tornar ignorante, terrível e injusto?

Ora, dirão alguns: Deus fez isso para testar o livro arbítrio de Lúcifer!!
Mas, pergunto: Ele entregaria a Luz a alguém que Ele duvidava da índole?
Entregaria a Luz, só para “testá-lo”?

Sobre Lúcifer: criado belo, justo, resplendoroso, sábio, iluminado, de repente é tomado por sentimentos antes em si  inexistentes, tornando-se assim justamente o oposto daquilo que ele era antes?
Ou mesmo que tivesse camuflado sua verdadeira face, o Criador não perceberia?
E como alguém que já conhece a Verdade desde seu nascimento, pode mergulhar na mais completa ignorância, agindo como agiu esse anjo?

Entre nós humanos, há alguém que atingiu a luz e a sabedoria e que, por vontade própria, “resolve” tornar-se igual ou pior ao mais cego e errático entre todos os seres?
Nós humanos não seríamos capazes de tal idiotice, mas Lúcifer, segundo o mito, foi capaz de tal façanha!

Alguns me dirão que o Conhecimento e a Sabedoria, sem o Amor que as fecunda, tornam-se um grande Mal.
Concordo totalmente.
É só olhar muitas das produções da Ciência dos homens, com suas bombas atômicas, seus experimentos científicos cruéis, muitos dos progressos tecnológicos destruidores, onde tudo tende ao favorecimento de poucas nações, nessa Terra já tão desgastada por tantas barbáries e injustiças e onde cresce, a cada dia, a selvageria e a falta de amor pelos outros.

E isso não é Conhecimento!!
Isso é Ciência, aplicada para a destruição de muitos, para a obtenção do poder de alguns.

Coisas feitas por humanos, jamais por anjos de Deus!!


Lúcifer, o encarregado de dissipar as trevas na alma humana, não era humano.
Anjo, era  Sua centelha.
Mito, era  Sua Criação.
Instância psíquica em nós, porta, para nós, Sua Luz.
É uma de Suas Estrelas, como todos os Seus Anjos.

Sei que existem por aí seitas e pessoas que se dizem luciferianas ou luciferianistas, e que muitos deles só repetem o hedonismo, o materialismo e a falta de compaixão pelos outros, tão difundidas pelo sistema vigente, sistema esse que se diz às vezes inclusive cristão, praticando assim o narcisismo e seguindo uma série de dogmas e ritos para se dar bem na vida e obter prazer a qualquer preço.

Obter prazer, nunca a Luz.
Repetem, em nome de Lúcifer, a ignorância.
E não ajudam ninguém! Nem a si mesmos!
Só olham para seus umbigos, sedentos de prazer e procurando apenas satisfação pessoal.
Outros, pregam a abominável “relatividade do Mal”, para assim, poder praticá-lo e justificá-lo.
(Nesse mundo caótico e sem ética, muitas atrocidades físicas, espirituais, psicológicas e filosóficas tem sido cometidas em nome desse Mal Relativo.....)
Não ajudam a iluminar, não contribuem para que o outro e para que ele mesmo evolua como pessoa e espírito; não ajudam a tirar as vendas escuras dos olhos espirituais de quem quer que seja, nem as suas próprias vendas, para que assim possam enxergar e desenvolver seus talentos.

É sempre o mesmíssimo materialismo absurdo e ceifador, esse perpetrado pelos homens, seja em nome de Cristo, de Deus, do Diabo, de Lúcifer ou de qualquer outro ser etéreo, habitante em nós ou nos confins do Desconhecido.

Se há um Diabo mau, reinando no Inferno?
Talvez. E se há, creio ter sido alguém que já foi humano. Talvez nem ele exista fisicamente, mas apenas dentro de nós, em forma de nossas sombras, ódios, ignorância e de nossos medos.
Mas certamente, não é o Portador da Luz.


Então....se Lúcifer existiu, como entidade angelical ou corpórea, ou semi-corpórea, ou se é uma lenda, ou um mito, ou uma representação arquetípica, sendo deste modo um símbolo de algo muito mais profundo em nossa psique, quem foi que derrubou Lúcifer e por quê?
Quem o condenou ao fogo do ódio humano?
A quem interessa demonizar e relacionar ao Mal alguém encarregado de levar a Luz, Sabedoria, Conhecimento, Verdade e consequentemente, Independência e Liberdade, ou melhor dizendo, Libertação aos homens?

Quem ou o quê condenou a Primeira Estrela, a Primeira Luz da Manhã ao ódio de quase toda a humanidade, durante tantos séculos, até hoje?

A quem interessa que a Humanidade continue encerrada na caverna, a caverna da ignorância, não das coisas científicas, não a das matemáticas, mas das espirituais, humanidade que vive assustada com as sombras que são manipuladas e projetadas do lado de fora?
A quem interessa que homens e mulheres desse mundo vivam com medo, escravos de doutrinas e rituais estéreis, subjugados ao terror da ideia de inferno e condenação eternos?
Quem cultiva, durante séculos, senão milênios, a ignorância, o medo, a futilidade, a superficialidade, o materialismo e a falta de liberdade e espiritualidade nas pessoas?
Quem ou o quê vem trazendo mortes, erros, injustiças, medo, ódio, intolerância, terror, materialismo, escuridão, mentiras e fanatismo, desviando as pessoas de seus caminhos de Luz há muitos e muitos milênios?

A Estrela Matutina? Aquele que Porta a Luz? O encarregado de trazer o Conhecimento e tirar das grutas da ignorância e da servidão todos os povos?

A quem tens incomodado tanto, Lúcifer?
Por que, justamente o Anjo que carregava a Luz iria se tornar o “rebelde condenável”, entre tantos outros anjos?
Que perigo há em levar a Luz onde há trevas, aliás, ação que é castigada desde o mito de Prometeu?

Sei que muita gente se assusta com a ideia de que esse anjo, lenda, mito, entidade espiritual ou psíquica, não seja a criatura grotesca e tenebrosa propagada pelas igrejas, impérios e pelos governos através dos tempos, desde a Idade Média e outras Idades das Trevas, inclusive essa na qual vivemos.
Sei que o nome “Lúcifer”, por muito tempo, ainda causará arrepios e terror, naquelas pessoas  apegadas demais a dogmas e conceitos impostos, impedidas de qualquer exercício de livre pensamento e de crítica.

Sei também que os algozes instalados nas instituições seculares, sejam elas políticas, religiosas ou de qualquer outra natureza e que ainda controlam as massas amedrontadas e escravizadas, continuarão a apontar suas lanças afiadas cheias de veneno e de ódio aos céus, a cada manhã e a cada pôr-do-sol  em que a Estrela Matutina brilhar no horizonte, anunciando os vindouros dias de sabedoria, conhecimento, paz e libertação. 

Sei ainda que afirmarão ad eternum todas as suas mentiras, distorções, deturpações e ilusões, para que quaisquer portadores de Luz, para que aqueles que iluminam primeiro dentro, ajudando assim a perfazer o encontro do Grande Caminho de Volta ao Criador, sejam devidamente difamados, condenados e para sempre, exilados.

Encerro esse meu longo texto com outro de Helena Blavatsky, ao explicar o porquê de ter corajosamente escolhido o  nome de  “Lúcifer”,  para sua revista de Teosofia lançada no século XIX:

“...Assim, para uma tentativa de tal natureza, não poderia ser encontrado título melhor do que o escolhido.
"Lúcifer" é a clara estrela da manhã, a precursora do brilho pleno do sol do meio-dia — o Eósforo dos gregos.
Ela brilha timidamente ao alvorecer, ganhando força e ofuscando os olhos depois do pôr-do-sol, como seu irmão "Héspero" — a radiante estrela vespertina ou o planeta Vênus. 

Não há símbolo mais apropriado para o trabalho proposto de lançar um raio de verdade em tudo o que está escondido pela escuridão do preconceito, por incorreta interpretação social ou religiosa e, sobretudo, pelo comportamento cotidiano absurdo que faz com que, uma vez que uma certa ação, coisa ou nome, tenha sido estigmatizado por algum tipo de difamação, mesmo que injustamente, as pessoas ditas respeitáveis virem-lhes as costas indignadas, recusando-se até mesmo a olhar para o fato sob qualquer outro ângulo que não o sancionado pela opinião pública. 

Este esforço para forçar os pusilânimes a olharem a verdade diretamente nos olhos é auxiliado de forma mais eficaz por um título que pertence à categoria dos nomes estigmatizados.
Leitores mais inclinados à pieguice podem argumentar que "Lúcifer" é aceito em todas as igrejas como um dos muitos nomes do Diabo.
Segundo a magnífica ficção de Milton, Lúcifer é Satã, o anjo "rebelde", inimigo de Deus e do homem. 

Entretanto, ao analisarmos sua rebeldia, constatamos que sua natureza não passa de uma afirmação do livre arbítrio e do pensamento independente, como se Lúcifer tivesse nascido no século XIX....”                              
Helena P. Blavatsky
[Revista Lúcifer, Vol. I, no 1, Setembro, 1887]

24 de abril de 2015

Retorno: O Tempo Insone



Depois de um longo tempo longe desse blog, volto a ele por causa de um sonho.
A verdade é que vivi (e ainda vivo)  uma fase que parece não ter fim, fixada na lâmina O Enforcado, o Arcano 12,  fase que vivi  também fisicamente, na própria pele, ou melhor, nos próprios ossos: fraturei gravemente a perna esquerda e fiquei “pendurada” em casa por meses, longe de todas as minhas atividades.
Só que ao tirar o gesso e voltar ao trabalho, aos amigos, aos romances, etc, eu já não era mais a mesma.
Creio que nunca mais serei a mesma. Mas essa é história para outra postagem.

Volto hoje ao blog com o seguinte sonho que tive nesta manhã.
Sonhei que encontrava uma amiga que não vejo há certo tempo, e eu estava muito feliz por revê-la.
Só que, ao observá-la de perto e durante nossa conversa, percebi que não era ela, mas uma espécie de sósia, de imitação, uma outra versão dela mesma, embora ela continuasse minha amiga.
E quanto mais eu conversava com ela, mais saudade sentia da minha “verdadeira” amiga....
Essa parte já interpretei: trata-se de mim mesma. Sou eu, encontrando com minha versão atual e com saudade da anterior, só que tudo projetado na figura de minha amiga....
Depois disso saio e entro num quarto escuro onde uma voz me diz, pausadamente:

“Preparação  ou Projeto do Tempo Insone: O fim do tempo é o pássaro que rompeu com a luz do jardim.”

Acordo , pego o celular e gravo essas frases imediatamente, porque sabia que eram importantes.
Penso no que poderia ser o título de abertura: “Preparação  ou Projeto do Tempo Insone”...
Preparação do Tempo que não dorme,  do Tempo que não descansa, que não tem paz.....
Uma circunstância de um Tempo, um zeitgeist, uma essência de uma época, de um período, onde o tempo seria insone, tribulado; no qual as coisas ocorreriam numa cadência frenética, sem o necessário descanso ou pausa.....
Um tempo insone.....(Nunca, acordada, associei essas duas palavras...)
Depois a outra parte: a frase em si...

“O fim do tempo ( Apocalipse, morte, destruição, transformação, ) é o pássaro que rompeu com a luz do jardim.”

Pássaros são seres livres, mensageiros dos deuses, conexões entre o Céu e a Terra, símbolos da alma.
E pássaros celebram a luz das manhãs, dos jardins, como nesta música de Cat Stevens....

Morning has broken

Morning has broken, like the first morning
Blackbird has spoken, like the first bird
Praise for the singing, praise for the morning
Praise for the springing fresh from the world
Sweet the rain's new fall, sunlit from heaven
Like the first dewfall, on the first grass
Praise for the sweetness of the wet garden
Sprung in completeness where his feet pass
Mine is the sunlight, mine is the morning
Born of the one light, eden saw play
Praise with elation, praise every morning
God's recreation of the new day

A Manhã Se Rompeu 

A manhã se rompeu, como a primeira manhã
O melro cantou, como o primeiro pássaro
Louvor para o canto, louvor para a manhã
Louvor para o nascimento recente do mundo
Doce é a chuva do novo outono
Iluminada pelo sol vindo do céu
Como o primeiro orvalho
Sob a primeira grama
Louvor para a doçura do jardim molhado
Brotado em completude
Por onde os pés dele passam
Minha é a luz do sol, minha é a manhã
Nascida de uma luz, o paraíso viu a diversão
Louve com entusiasmo, louve cada manhã
A recriação de Deus do novo dia


Acho que a letra dessa bela canção de Cat Stevens, hoje chamado de Yussuf, resume meu sonho-aviso.
O pássaro, quando rompe com a luz do jardim, dá início à época de escuridão, das trevas, do fim dos tempos, do Tempo Insone....
Acho que é apogeu da Morte, Arcano 13.....O fim, o rompimento de um período, para que algo novo surja....
A sincronicidade é que a amiga do sonho  estava comigo no momento em que fraturei a perna.
E em 2013, fomos juntas ao show de Cat Stevens no Brasil, show no qual ele cantou essa música.  Cat Stevens ficou 30 anos longe da música e dos palcos e essa turnê da qual tive a alegria de ver um show, era o seu retorno.....

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